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segunda-feira, 2 de maio de 2011

Profile




Profile:

Mande-me um e-mail
Não atendo mais o telefone
O tum tum tum me incomoda;
Não me chame pelo nome,
Tenho Nick agora
E adoro discrição;
A monotonia me irrita
Me deixa aflita,
Causa depressão.


Meu endereço se foi
Com o ultimo cartão que mandei...


Não que tenha mudado de endereço
Ainda não tive tempo,
Continuo com o jessica_lindinha
Apesar dos quase quarenta
O apelido sustenta
E ainda cai muito bem


Não assisto mais TV
Cansei das novelas
Casais, pornografia e casais
Os Namoros de donzela
Se foram com promessas
Na vinda das capitais.


Quisera eu amor de volta
Abrir a porta e o encontrar
Não mais dizer “te amo”,
Ou por algum engano
Cair nas graças de um rapaz
No auge dos seus vinte anos
Se passando por audaz.


Tenho saudades do cartão,
Música ao vivo e flores
Os homens pensam que a tecnologia
Levou consigo toda magia
Que entreteve as menininhas
E embalou todos amores.


Meu primeiro namorado
Não poderia mais ser poeta:
Ele não entendia de política.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Concreto

Olá! estou voltando a publicar no blog. Andei um tempo parado por conta de afazeres da Universidade, trabalho... Estou publicando hoje mais um poema sugerido, há um certo tempo,  por amigos de ofício. Dedico esse poema ao poeta Nicolas Behr e à vida urbana. Voltarei com o esquema de enquetes em breve! Que a Literatura Viva em ti leitor!


          



                             O prédio
                                             alto
                                 é          grande
                                             enorme
                 Piu!
                                                         é concreto

                             O condomínio colorido                                    
                             - Mas é só concreto, rapaz!                      
                             Um pombo voa

                                                         bate no vidro

                              É concreto!

sexta-feira, 18 de março de 2011

Lapso de solidão

Lapso de solidão


Por portas fechadas
Passam a flechadas
E só é preciso sentir
Embora não seja nada

E o lugar não é mais lugar
Nem a vida a vida.
É tudo lembrança
Coisa surda, sem movimento...
O silêncio é uma resposta.

É um buraco
Um suspiro sem calor
Um flash back!
Mas um holograma
Passando repetidamente
Ecoa... ecoa... e ecoa

É o espaço
De mil estrelas?
Não sei, perdi a conta
Acho que contei a cadente
Sumiu!

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Evolução ou não

Poesia dedicada a língua portuguesa:

Desde o princípio buscando inovação
Na pedra a marca da mão
No papiro o papel primitivo
E a expressão de modo agressivo

Da carta à mensagem no navio
Embarca o papel no rio
Em formato de barquinho leva a Portugal
A carta de pena e tinteiro com o símbolo real

Contidas nos braços de uma Santa Inquisição
Anexos de papel viram livros à mão
E o medo de uma suposta revelação
Ameaçam a soberania do brasão

A madeira vira tinta e carvão
Dando à pele a coloração
Na guerra contra imposição
Guardando o sonho da devastação

- O que diz este vocabulário crú?
- Por que anda este povo nú?
Iganorados por Inoscência, o pudor
Nascia a raiz por meio da dor

O caxias que falava com os peixes em sermão
Escreveu também seu nome na nação
Sábio e frustrado Anchieta
Oculto para muitos numa caixeta.

Voltava o navio abarrotado
De culturas; um sonho arrancado
Da caravela verde e amarela ao negreiro
Nasciam os acendentes do negrinho do pastoreio

Castro Alves deu sua contribuição
Em defesa da capoeira e do feijão
Com os restos de porco e leitão
Vendidos como mercadorias em leilão

Depois da dizimação de um povo
Nasce o símbolo nacional de um ovo
Já não era selvagem o Guaraní
José de Alencar já criara Perí

Os "ísmos" tomam conta do mundo
Machado, o realista moderno de vocábulo profundo
Ou, Modernista antecipado que já era vanguardista?
Abria espaço para a língua em crítica socialista

Já não eram mais linguistas os Andrades
A língua fora liberta de suas grades
A liberdade sobrepunha a estética
Do párnaso nem mais a fonética

Hoje tudo é arte, é música e poesia
A língua se faz no cotidiano, "todo dia"
O holandês é brasileiro no samba de varanda
O Chico, a pérola da língua de nome: Buarque de Holanda.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Caim e Abel
 
Vou lhes contar uma história estranha. Aconteceu aqui perto de casa no tempo em que ainda era jovem. Moro aqui na vizinhança desde meus dez anos de idade. Sempre via muitas coisas acontecerem por entre os becos e as ruelas entre as laterais das casas.
Certa vez um jovem por quem eu muito tinha prestígio amanheceu morto e semi nu aqui no bequinho das laranjeiras. Estava com um corte de faca no pescoço e as mãos amarradas pela frente na altura da virilha, sentado com a cabeça baixa e sangrando. Disseram por aí que foi vingança por conta de estupro, mas eu não acreditei. Na vida a gente vê tanta coisa, não é mesmo? Na certa foi planejado para que tivessem essa interpretação.
Um dia marcante que me recordo bem foi a chegada de Dona Camila aqui na vizinhança. Viúva por causa da guerra trabalhava dobrado para dar uma boa educação para os três filhos: Davi, o mais velho, Dario, o do meio, e Darlene a caçula. O tal do Dario era meio peralta, o Davi já era um pouco mais sério e a Darlene uma princesinha. A pequena vivia enfeitada de cor-de-rosa encantando todo mundo na redondeza. Todo mundo conhecia a rosinha da Dona Camila.
Quando a mãe saia deixava Davi responsável pelos irmãos. Com todo esse poder conferido ao garoto dava bronca no irmão por ficar pulando no sofá e na irmã por ficar colocando a mão dentro da privada. Quando a mãe chegava encontrava a casa em ordem, porém, o filho mais velho estapiado ou esmurrado e Darlene defendo o irmão do meio. Davi de vez em quando trazia umas rosas bem vermelhinhas para mim. Apesar de ser informada depois por seu irmão que eram arrancadas do meu próprio jardim eu não ligava muito. Fazia até bem, assim eu ia reciclando as plantas do jardim com a ajuda do menino. Sempre gostei de cuidar das plantas. Eu só dava bronca no Dario por que ele arrancava sempre a mais vermelhinha para que o irmão não viesse a dá-la a mim. Tudo bem... São crianças...
Mas as crianças crescem e se tornam adultas. Não faz muito tempo, Davi comprou uma casa aqui na frente de casa. Casinha simples, mas ajeitadinha. Um dia desses me dei por conta olhando pela janela de que havia um jardim na frente de casa e que não era o meu. Pois é... O garoto fez questão de plantar as próprias rosas pra distribuir entre as senhoras da vizinhança. O Dario estava se esforçando muito na Universidade e trabalhando muito para começar a planejar o casamento com a namorada Bárbara. Já a Darlene estudava pra entrar na Universidade. Tempos difíceis...
Em um jantar de família Davi conheceu Bárbara e já em pouco tempo se tornaram amigos. Contavam tudo um para o outro. Dario não gostava muito disso. O Rapaz temia o tipo de assunto que podia ocorrer nessas conversas. Davi e Bárbara combinaram de sair para conversar. Chamaram Dario, mas ele estava muito atarefado com a monografia sobre a medicina na guerra. Davi deixou um bilhete na escrivaninha do irmão avisando que iria ao quiosque do centro da cidade com Bárbara. O irmão foi pedir o carro de Darlene emprestado já que não tinha um. Ela torceu o nariz e não liberou. No fim Bárbara evitando a chateação pegou o carro do namorado e foram.
Quando Dario chegou do trabalho não encontrou o carro estacionado na garagem e correu para dentro de casa a procura da namorada. Encontrou o bilhete do irmão avisando sobre o passeio noturno. Ao certo mil coisas devem ter passado pela cabeça do rapaz. Vi pela janela Dario desesperando implorando para a irmã que o emprestasse o carro. Mas como havia feito com Davi acabou fazendo ao irmão do meio. O rapaz então se sentou na calçada de casa e abaixou a cabeça. Parecia estar desesperado . Viu os vizinhos saírem das casas e formarem um alvoroço. Eu sai de casa também e vi Dario perguntar ao seu Noberto o que estava acontecendo. Chamei o rapaz e disse o que haviam me informado. Uma menina tinha sido seqüestrada e estuprada.
Entrei para casa e abri a janela dos fundos. De lá vi o carro de Dario chegando pela entrada traseira da garagem. Entrei para assistir TV já mais calma sabendo que nada tinha acontecido à pequena Bárbara. Em seguida ouvi gritos, e barulhos contínuos de lata e madeira e por ultimo um de carro apressado fazendo a curva da esquina. Assustada me recolhi no quarto e fui rezar.
No dia seguinte peguei o jornal e vi a reportagem de dois irmãos que acabaram discutindo e encaminhando a um homicídio. O repórter contava que as testemunhas disseram que o irmão do meio filho de uma viúva de um major do exército guardava inveja do irmão mais velho e por isso tinha o matado. Disseram as testemunhas que ouviram as seguintes frases. “Amarro-te as mãos para que não me tomes nada no inferno e corto-te a garganta para que nem na terra possa-o fazer”.
“A policia encontrou o rapaz morto sentado com a garganta em corte de faca e as mãos atadas na altura da virilha. O zipper da calça encontrava-se aberto e as mãos contendo substância que parecia ser urina. O acontecimento abalou a população da pacata vizinhança de João de Frêitas. Nunca mais se passará da mesma forma pelo beco das laranjeiras...”