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terça-feira, 4 de agosto de 2009

Contraste

Escolhi um vermelho puro
Lembrei de coisas passadas
E entre claros e escuros
Saíram algumas palavras...

Um pouco tarde para dizer
Mas achei que ia te importar
Hoje acordei sem você
E lá pela noite fui ao mar

Catei conchas bem azuis
Parada olhei pro céu
Jurei ter visto um luz
Mas era o farol de um Corcel

Alguns acordes bem agudos
Ouço, passos na escada
Improvável, absurdo
Só um surto e mais nada

Bate e vento na janela
Frio como no outono
Amigos trouxeram algumas velas
E eu já não sei onde as ponho

Perdido! Sem rumo
Sem vícios mortais
Não bebo, não fumo
Nada de mais...

A abstinência não me matou
Percebi que sou imune
A madrugada me levou
Me lembrou e teu perfume...

Viciei-me no teu jeito
Nos teus cabelos, tua cor
Fios pretos no meu peito
Branco era teu amor

Hoje o céu estava alaranjado
Do jeito que você admira
Um colorido rajado
Um céu pintado de íra

Fui ao farol, mas estou em casa
Deixei esta carta sobre a cama
Para quando vierdes com tuas asas
Leia e sinta quem te ama

Sempre que der lhe escrevo
Deixo registrado por cor
O meu amor em vermelho
Em branco, minha dor.
Partir

No meu caderno
O meu inferno
Lições de despedida
Lições do fim

No meu caderno
Minha vida
Fala trêmula, perdida
Como quem diz assim:
"- Isto não é eterno,
Cedo vai, tarde começa
De revés ou vice-versa"

No meu caderno
Pedidos internos
Que cutucam minha mente
Me levam a este inferno
Este sim, este não,
Vá, segure minha mão

Quanto demora o dia!
E a semana não acaba
Vem a noite e assobia
Essas águas já passadas
Esse canto de sereia
De caipora furiosa
Que me leva nesta prosa
Onde corre minha vida.

No meu caderno
Regam-se as folhas
De suor talvez?
Esforços das madrugadas,
De lágrimas cansadas
Apagam as palavras
Mas quem as quer?
E que bem me fez?

Já está registrada
Esta agonia diária
Amplia a carga horária
De esforço da mente
Em conter o coração
Filtrar o que transborda
Na lágrima que incomoda
Em pedidos de partida
Como numa despedida
De alguém que não vai embora:
- Me espera toda vida
- Vá, mas volta sem demora!

Carta a um amigo

Envolvido nessa onda de sentimentos, esse mar de sensações encontrei nas cartas o meu maior refúgio, mais seguro abrigo...
Carta a um amigo

Chega cá mais um pouco
Deixa desabafar no ombro
Anda, antes que fique louco
Tirar de mim este assombro

Tenho agonias no peito
Tenho vontades como impulso
Tem jeito para esse sem-jeito?
Sujeito de sentimentos avulsos...

Tem olhar frio, sei que não mente
Diz, caro amigo, qual a sujestão?
Sei que é absurdo pois não sentes
A agonia cá dentro do coração

Deve achar que sou sentimental
Assumo! Pois que seja assim!
É tudo culpa deste imenso mal
Que, a muito, foi plantado em mim

Sabe amigo, nada é completo
E é por falta que me atrapalho
Tento sempre manter-me reto
Mas o amor não é como o baralho

Um dia haverá pasciência
Aqui dentro da cabeça
Me valerá mais a ciência
E tudo mais antes que esqueça

Meu coração está em terços
Mal divididos e desiguais
Tem pedaços mais espeços
Onde vazam vontades marginais

Anda amigo, vamos à janela
Tomar um pouco de ar puro
Essa paisagem de aquarela
Este cenério tão seguro

Acende, pois, o meu charuto
Que faz gosto as moças
Este ar tão resoluto
Seguro entre outras coisas...

Componha-mo-nos
Arrumemos o chapéu
Finja que amamos
Olhemos firmes para o céu...

Carta ao teu olhar

Carta ao teu olhar

Não te preocupes constante amiga
A vida trata dessas coisas
Quem sou eu para ir contra a vida?
Se ela quiser me dê quantas noivas...

Não te preocupes em dizer nada
Afinal raro é ouvir algo bonito
Deixa por ai a coisa passada
Deixa a parte chata comigo.

Não é, amiga, de meu costume?
E não sempre foi assim?
Pois deixa esta espada de dois gumes
Não tem mais efeito sobre mim...

Não carece de palavras
Nunca foi preciso
Estas já bateram asas
E só perturbam o juízo

Cuida de poupar esforço
Deixa que eu cuido das palavras
O papel já possui o esboço
Natural destas noites rasas

Só não deixa de olhar
Não desvie ao me ver
Deixa ele se encontrar
E me traduzir todo teu ser...

Eles sempre se entenderam
Mesmo antes de se conhecer
Verdade, por vezes se perderam
Mas não os culpe, antes eu e você

Os olhos não mentem, não é mesmo?
Quando não quisermos mais falar,
Em meio a um momento ermo
Embora aconteça, amiga, não desvie o olhar...

Sabe, ainda que se torne incômodo ao coração
E Infortúnio a qualquer alma
Deixaremos este imenso receio vão
E por um segundo vivamos a calma

Os olhares se perderão
Mas não os culpemos por agora
É minha e tua nobre compaixão
Causa da vontade de ir embora

Saberemos, sem palavras, dizer
Até logo, sem soar a despedida
Um adeus sem para sempre ser
Sem previsão; Amanhã ou toda vida...

Mas não cuida dessas coisas amiga
Não te preocupes em preocupar,
Que já é função da vida
Fazer isso em seu lugar.

Se possível deixe sua critica ou comentário... é muito importante..."A poesia não é egoísmo, é pura doação"

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Ciranda da vida



Ciranda da vida

Voz que quer a mim
Vós que queres a mim
Que queres de mim vozes?
Que do meu sono os algozes
Já retiraram velozes
O que me acalmava...

E agora perturba
E vai, e vem
Manhã ou madrugada
É névoa turva
Que me tira o bem.

Voz que quer de mim?
Vós que queres de mim?
Além de sorrir sincero,
Levar um bolero
Em passos incertos
De sempre em sempre...

E agora incomoda
E vai e não volta
De noite ou de dia
É dança de roda
De volta e revolta.

Se possível deixe sua crítica ou comentário...

sábado, 4 de julho de 2009

Tudo ou nada


Tudo ou nada

Quero tudo e não quero nada
Tenho tudo e não tenho nada
Hoje faz sentido...
Amanhã não é nada
Hoje é um muro
Amanhã uma escada

Ninguém me garantiu
Nem a mim garanto
Me esparramo, sutíl
Me junto num canto

Seria de mais tanto sentimento
Ou de menos meu corpo?
A um minuto estava morto
Agora sou latente
Inconstante, volúvel
Distante e solúvel...

A um minuto estava morto
Hoje passo a escolher
Entre o eu e o você
O caminho menos torto

Sou tudo, sou nada
Sou de tudo, sou de nada
Sou caro, sou de graça
Sou pedra fria e dura
Sou almofada macia
Passível aos sonhos da lua...

sábado, 27 de junho de 2009

Silêncio



"Silêncio"

Barbaria d'sentimento
Que tens tu comigo?
És fiel injúria
És o meu lamento
És minha tortura
Não me deixa, amigo.

Inquieta o coração
Me deixa falar
Me abraça co'amor
Traga a inspiração
Por me ter senhor
Não me deixa falhar.

Dê cá um papel
Um pouco de tinta
Um belo corcel
E amor pra que sinta

Vamos minha Marília
Por tua e minha vida

{Hudson Maciel Oliveira}

Fiz pro meu amor... "minha Marília"

Todos os direitos reservados à Hudson Maciel de Oliveira, 17 de maio de 2009

domingo, 7 de junho de 2009

Saudade...



Saudade

Ele se sentou a cadeira em frente a máquina de datilografar. Começou a lembrar de cenas passadas que percorriam sua memória agora perturbada. A noite lhe trazia tanta paz. Enquanto chovia do lado de fora, era ele um contador de histórias.
- Romeu e Julieta? Não, é algo muito melancólico e... afinal é triste. Não serve para mim...
- Mas que inspiração? meu corpo suplica ao papel palavras, mas minhas mãos não reagem, talvez por não conseguir organizar as idéias...
Os Calafrios tomavam conta do seu corpo totalmente coberto por lã. Pela toca na cabeça, as luvas petróleo, a calça azul marinho e o casaco vermelho vinho da cor de suas afeições atônitas no instante.
Era como se buscasse algo que a qualquer hora fosse chegar e não chegava... Esperava... e Nada! não chegava nunca. A luz pouca para o enorme salão que se estendia, tornara clara sua expressão vazia e perturbada. O salão respondia com um eco a cada digitação feita pelos dedos trêmulos e incertos.
"Tomou conta da mente, tornou ofegante a respiração, tomou conta do coração". Lembrava de versos de algum poeta, vagava entre pensamentos de um e de outro, mas nenhum lhe esclarecia nada! nenhuma luz. Uma agonia com começo meio... Procurava com as mãos aquele rosto no seu e com as mãos sobre a boca procurava aquele beijo, um beijo calmo, mas que causava euforia - e que controle tem o homem sobre si? - voltava com a mão ao coração e já não sentia mais um; eram dois, batendo ora de forma desordenada ora em perfeita sincronia. A música ao fundo, cantada em francês, tornava as imagens e as sensações cada vez mais próximas e mais reais. Uma mistura de "Ne me quite pas" com um quê brasileiro, devia estar sendo cantada por alguma cantora nacional já que o sotaque era diferente e a expressão um tanto quanto exaustiva e sofrida.
Entre beijos, um abraço calmo tornando-se seguro e apertado, com tanta força! Era como se nunca mais quisesse se desfazer, prendendo cada vez mais para que nada tenha força suficiente para romper. As imagens passavam cada vez mais rápido, e enquanto sorria-se, formavam-se lágrimas contidas nos olhos.
- Que faço? Ligo? E o que direi? Te amo? E que poderá ela fazer? Dizer que me ama?
- Mas que faço para parar esta sensação? Já sorri e me veio aquele sorriso sem igual; Já chorei e me veio aquelas mãos sobre meu cabelo, aqueles dedos sobre meu rosto e aquela voz ao ouvido, quase um sussurro: "- Está tudo bem?"; Se dormir... provavelmente sonhe e sonhar é sonhar por mais real, é sonhar.
De repente em fax lhe chega de subto:"A falta nos tira do controle a ponto de pensar em possibilidades não vistas no equilíbrio".
- Será a mesma sensação que ambos sentimos? É difícil de imaginar.
- Droga! disse batendo sobre a máquina de datilografia num acesso de agonia e raiva.
- Por que não se faz um fax de pessoas? Estaria lá em instantes ou ela cá em um segundo!
O papel ia tornando-se vermelho, lembrou-se do sábio Quintana como numa inspiração ou desânimo:"O amor é um beijo no espelho". A mesa de madeira velha e escura ia ficando pastosa aos poucos; As teclas da máquina iam se tornando mais duras e de vez em quando prendiam-lhe o dedo nos espaçamentos; As letras se sumiam entre o vermelho - "Trim!" - alinha havia chegado ao final, era o aviso da máquina que rompia o silêncio em um eco tão forte quebrando o êxtase do momento. Caíam, já, gotas sobre o chão a formar uma pequena poça.
- Droga! droga! droga! Como dói!
- Isso é que dá trabalhar com máquina velha!
A máquina de datilografia cai sobre o chão empurrada fortemente de sobre a mesa, como por um impulso diante dor, despedaçando-se. Já não se sabia onde ficava cada letra tão pouco as idéias.
- Que droga! "A saudade é uma pancada sobre a máquina de datilografia"
- Não tenho nada para curativo... Que me importa? deixa sangrar, ao menos passaram, pela dor, as lembranças e flashes que me perturbavam.
- Que bem me faz estas sensações! O coração não se acalma, a máquina quebrou, o sangue mina da minha mão direita, nada sinto além da dor que não sentia até o aviso da página...
- Meu Deus! Quantas horas são? Ah não! Cinco da madrugada? Não acredito! O jornal abre às sete horas e não tenho nada pronto para a reflexão de amanhã.
- Se pudesse ao menos escrever! Mas com essa mão... E que adiantaria? Sem máquina de datilografia... Além de que a edição e a publicação demoram cerca de uma hora e meia...
- Que podermos fazer caro amigo? Disse ele ao fax, o único objeto que permanecera sobre a mesa.
No dia seguinte ao tomar café, às onze horas, viu um jornal pendurado entre a abertura da janela. Esticou-se para pegar com a mão direita cujo ferimento doeu-lhe fazendo-o lembrar da madrugada, como um sonho que vem à memória sem as devidas conexões. Esticou a mão esquerda e com muito esforço pegou o jornal. Ao abrir na reflexão encontra a seguinte frase:"A falta nos tira do controle a ponto de pensar em possibilidades não vistas no equilíbrio".
- Loucura! Que dor na mão! Que aperto no peito! Que vontade de abraçar as paredes!
Fechados os olhos, apertava fortemente a mão contra o peito, abriu os olhos e abraçava o vento segurando o jornal manchado de sangue.
Do fundo das mais profundas inquietações conseguiu um momento de sanidade e disse baixo, mas com voz firme, olhando para o céu com olhar esperançoso.
- Seriam sintomas? Se forem, qualquer que seja a doença, é você o tratamento...

sábado, 30 de maio de 2009

Da aventura à desventura




Da aventura à desventura

Rasguei o papel que me deste
Um bilhete para eu guardar
Em papel avermelhado
Contendo um breve passado
Que ousei um dia rasgar

Que ato de insanidade!
Jurei em mim, a verdade
Não quis abrir minh'alma
Pro teu gesto de fé e calma

Submeti meu amor à tortura
E a tua dor a prova,
Devo ter feito chorar
Lágrimas ingênuas e puras,
Da aventura à desventura
Foi a princesa numa trova

Do passado que me vem à memória
Ficou m papel amarelado
Marcado por um passado
avermelhado,
Um presente
amarelado
E um Futuro
alaranjado.

Todos os direitos reservados à Hudson Maciel de Oliveira, 17 de maio de 2009

sábado, 16 de maio de 2009

Eu-lírico no país das maravilhas

Dedico esta poesia à musa dos meus dias...

Eu lírico no país das maravilhas

Estou só
E nada há além de mim
O som que escuto é absurdo
São vozes de um imenso jardim
São as raízes deste surdo silêncio
Vivem aqui dentro,
Permeando a fertilidade dos sonhos

Estou só,
E você me vem
Com mãos leves entre fios de cabelo
Faz-me repousar, escuta meu apelo
E diz-me estar tudo bem...

Quão grande amor!
Infortunado que sou,
Ganhei meu galardão,
Sem saber, plantei uma semente
E lentamente ela se fez gente,
Para acalmar meu coração

Por Deus!
Apenas por ele mesmo...
Antes era dor latente
Hoje pergunto qual o preço
Deste apreço que sentes
Que de tão lúcido
Me faz insano

Me faz amante da sensibilidade
Qualquer que seja ela
Pois por não entender a arte
Ela se faz bela
E por não entender
Somos arte a quem vê

Sobre cuidados permanentes
De pequena cortesã
Baila, ma came, sorridente
Com a certeza do amanhã
Sobre os versos arrebatadores
Deste ar fidalguino
Pois que os príncipes infantis
Estão por estreitos corredores,
Bradando Lusos louvores
A dar-lhe um beijo latino.

Todos os direitos reservados à Hudson Maciel de Oliveira, 17 de maio de 2009

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Os mortos vivem

Os mortos vivem

Enquanto os loucos dormem
Tudo é real
Enquanto é uniforme
É natural
Enquanto os vivos morrem
Tudo é normal

Quando despertam os loucos
deturpa-se a realidade
Quando vira multiforme
se torna relativo
Quando se ressuscitam os mortos
as fantasias são o caos.

Os loucos são vivos
Eles estão vivos
Não mortos!
Mas morrem em vida
E em vida são mortos...

Não ver um morto que anda
Ou um assassino refletido
Quebra-se um espelho
Mas bate-se na água
E tão efêmero efeito
Para esconder o defeito
Tarde não volta
E de efêmero, revolta.


Direitos reservados à Hudson Maciel de Oliveira, 06 de maio de 2009

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Canção de ninar

Canção de ninar

Não tendes 16?
Tendes uma vida nas costas
Tendes várias vidas nas mãos
Tendes dúvidas na cabeça
E confusão no coração

Não chores, não me faz bem
Saber que tanto errei
Saber que tanto erro
Saber que me enterro
E nem ao menos sou você
Que perde para poder vencer

Queres que me vá?
Mas tu és sempre quem se vai
Que bate. Fecha a porta e sai
Que chora lágrimas de mais
Quem cuja vida se esvai
E que não volta jamais

Tenho 16?
Tenho e sou assim
Roubaram meus anos de mim
Acho que me deram tantos,
Tantos que não me deixam de pé
Morre em mim minha fé
Enquanto meu rosto seca,
Seca para molhar de novo
Coisas de um poeta
Que quando cai um trovão na vida
Busca e não acha saída
Além deste mar de olhos fundos
Fundos poços de águas
Que transparecem o escondido
Dentre o morto e o ferido
Entre o lembrado e o esquecido...
O policial e o bandido

- Não chora!
Sei que não queria que fosse assim
Sei que criaste como sempre criei
As poesias que me tornam rei
Da minha vida, do meu mundo
Do oculto e do profundo
Sei que as faço com carinho
A diferença é que as crio sozinho
Sou eu, eu! o pai da poesia...
Sei que querias uma bela harmonia
Mas o que existe é dissonância,
E tão igual que ressoa
- Droga de mania!
Mal acabou a demagogia,
Enfim...
Eis então inigualável e fria
Vinda da mais pura apatia
Eis aí, ... Sua poesia.


Dire
itos reservados à Hudson Maciel de Oliveira, 22 de abril 2009

sábado, 4 de abril de 2009

Ballet do Ártico



Caros Leitores esta poesia é diferente de todas outras... a pricípio tentei escrever em forma de prosa, mas me dei conta de que, de fato, não se vem numa mesma embalagem dom com brinde.A poesia é, de fato meu destino, minha dádiva, meu caminho e meu domicílio.Apesar de existirem as prisões domiciliares. Esta talvez seja minha melhor poesia até hoje, algo propriamente meu, não bebida de nenhuma fonte anteriormente existente. Baseado num dos meus contos favoritos de infância (a bailarina e o soldado de chumbo) está ai minha ,até então obra prima... Deliciem-se neste ballet ártico magnifico onde a vida é tudo neste mundo onde se dança uma dança tão fria para se livrar do mais frio medo humano... a morte.

Dedico esta poesia especialmente àqueles cujas vistas nunca retrucaram um breve olhar a estas palavras insuficientes e a estes sentimentos invisíveis embora perceptíveis.Que a Literatura Viva em ti leitor!

Ballet do Ártico

Durante a noite faz frio
Durante o dia não há sol
A paisagem é branca
Não há árvores, não há sombra
Aparentemente não há vida

No meio da imensidão gelada
Via-se fumaça
Numa região isolada
Havia calor
Havia suor
e havia sangue

Um bando rodeava o campo
Outros, alimentavam o sonho nacionalista
Da glória pela conquista
Causadora de espanto
Nos corações de bravos jovens
Pretensiosos pela glória
De atear uma bandeira
Por uma gente guerreira
Que assiste a distância
As consequências da ganância
Estampada nas cores vibrantes
De um estandarte fincado no ar

São poucas as cartas
Que conseguem chegar
As que chegam não têm garantia
De chegar...
Poucas são lidas
Quase nenhuma assinada
Imagine carimbada
Com a pretensão de retornar

Durante a noite o sangue seca
Prova o quão é perfeita
A natureza que rejeita
A impureza do que não é natural
Recobra por si própria a pureza
Do branco inicial
Que lhe foi concedida desde a criação

"-Quanto tempo mais General?"
Já não há mais comida para todos
Já não há sonho pata todos
Alguns foram enterrados
Outros viraram pesadelo
"-Mande-os na próxima escalada"
Deixe que o frio da madrugada
Aqueça seus corações
Ou os congele de vez.
Assim a comida dura
Enquanto o mais forte durar...
"-Não há lugar
para os fracos no gelo
quem sabe haja
em baixo dele"
A missão não pode acabar
pela fraqueza de alguns
Mais vale a honra de um sepulcro vitorioso
Do que a vida de um fraco temeroso
A pátria não tem culpa... Major

Por trás de todo frio
Dentro de cada barraca
Corações gemem
Maldita saudade
que fortalece e enfraquece
e que não se esquece...
De concreto, o agente aproximador
Da realidade distante em cada novo amanhã
Fotografias em preto e branco
Uma jovem bailarina
Nas mãos de um soldado
marcadas, que espera voltar
De um lado para o outro sobre as costas
a incerteza da vida
em cada pôr-do-sol

Enquanto isso...
Dança bailarina
Dança de lá pra cá
Dança bailarina
Nesse ballet polar
Vista sua roupa mais alva
Para tentar se camuflar
Quem sabe assim este pesadelo
Não pare de te assombrar
Dança bailarina
A dança do gelo
Se não sabe esquiar
Patine para dançar
Salte as incertezas
e use sua flexibilidade

Durante a noite houve fogo no gelo
Fogo a sangue frio
Uma emboscada planejada
Retirava à punhalada
O carimbo das cartas
Que poderiam retornar...

Um fato inédito!
Não via-se gelo
A natureza já não suporta
A impureza do que não é natural
O branco se torna cinzas
Havia sangue pela manhã
E um coração ainda gemia lentamente
Pelo sonho de tanta gente.

O soldado ao menos pôde ver
Segundos antes de morrer
A última dança vibrante
Em uma sinfonia gritante
O último ate de ballet
Onde bravos guerreiros rodopiavam
A cada explosão, pulavam
Ficavam na ponta do pé
Sustentados por uma corda no pescoço
A cena criava tanto alvoroço
Que até os atuantes gritavam
Mas eram interrompidos...subitamente
Pouco a pouco a imagem escurecia
As luzes apagavam
O soldado já não ouvia mais som algum
Como se as cortinas fechassem
Sobre seus olhos...
Os bailarinos deitavam-se ao chão
Anunciando o sim do ato
E o cessar da última canção

Era escrita a última carta
Sem carimbo nem pretensão de volta
Como pode num lugar tão branco
Não ser o branco símbolo da paz?
De que valeram tais ideais...?
A bailarina tomava seu fardo
Em véu negro...
Vestia sua farda cor-de-rosa
Com suas sapatilhas ia à batalha
Lutar contra a fraqueza
Escondendo a tristeza
De quem vai à guerra
Involuntariamente
Com a pretensão de voltar...


A todos um célebre beijo...

Direitos reservados à Hudson Maciel de Oliveira, 5 de fevereiro 2009
Rosas

As rosas representam amor
O vermelho também
Poderão as rosas negras
Ser do amor, algo além?

Além da dor desta
Além do que se sente
Além da mente
Ou simplestemte...
Do que se atesta

Logicamente não são rosa
As rosas são brancas,
Quando se quer a paz.
São vermelhas para o amor
São negras
Para não se ver mais
Ou coloridas para dor

Talvez a cor influencie
Talvez mude meu humor
Se puderes não me dêm as brancas
As vermelhas me convêm
Dê-me apenas amor.

sábado, 21 de março de 2009

Gruta de vidro

Gruta de vidro

Fonte que brota dos sonhos
Que traz a vida em si
Que corre nas veias da vida
Dentro de mim e de ti

Teu sabor agrada a tudo,
Mais que o aroma das rosas,
Tua cheiro difunde nos gostos
Tua cor transparesse mais,
Bem mais do que a própria verdade
Que se vê e não se escuta
Que se sente e não se refuta
Que nos faz fechar os olhos
Cegando a visão de que a vida
Segue sendo interrompida
Sem auxílio de espada

O branco do céu sumiu!
Deve ter ido para o Sul
Acompanhando a revoada
Pois bem sábia é a passarada
Que foge da escassez
Bem como sempre se fez

E quando o verão chegar?
Seguir-se-á na passiva
Amanhã não sei como será
Talvez derreta vidro
Para enganar minha saliva

quarta-feira, 18 de março de 2009

Esperança enquadrada


Esperança enquadrada

Cansado fui à árvore
Do alto da janela
Talvez pelo verde das folhas
Talvez pela esperança da calma
Talvez pela esperança da alma
Ou pelo frescor do vento

Da janela ao muro
Esconde o restante da paisagem
Vão até perder de vista
Até onde pinta o artista
Alcançando o horizonte
Além da esperança selvagem

Quem planta sonhos aqui?
Uma única árvore no quarteirão
O resto da esperança na visão
Tão enquadrada...
Do alto de uma janela
Onde nenhuma aquarela
Chegou a manchar a tela
Colorida da cor do céu
Monocromático e estático
Dos sonhos do artista

Se diminuísse o horizonte
Ou aproximasse o foco
Talvez a esperança estaria
Mais colorida do que a ponte
Que, até então, nos distancia.

sábado, 7 de março de 2009

Viva a poesia

Viva a poesia

Meu poema é minha vida
E a vida é um poema
A poesia inspira vida
E a vida inspira à poesia

A vida é poesia
Bem como, a poesia é vida.
Vida que traz viva
E vivas! vivas! vivas...
Inspiram a poesia e a vida

- Viva a poesia!
Contra a poesia morta...
Poesia viva
- Contra a morte da poesia!

Viva e sem vida
Morta e sem poesia
- Sem graça!
Morta e com vida
Com poesia!
Uma flor sem vida
A beira da partida...
- Viva a poesia!
Pois ela está viva.

O dilema é o poema
Bem como o poema é um dilema.
Sobe o olhar de cinema
A morte é poesia
Embora a morte tire a vida
E a vida seja poesia...

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Carta aos puros de coração

Carta aos puros de coração

O Tempo passa,
As coisas passam
O tempo não pára
E é tudo tão estático
Enquanto o vento muda
A direção das ondas

Elas sempre vão em frente
Indo e vindo
E nunca são as mesmas,
São uma só
As ondas são o mar
Bem como as lembranças
São a vida

O ponto de partida
A chegada antes de sair
O poder de persistir
E ao mesmo tempo
O de valer a mudança.

Realmente não se encontra nas estrelas
O destino
Pois ele muda
As estrelas não...
As estrelas são o chão
O alicerce dos sonhos
E por isso...
A vantagem de sonhar.

Bem como a lua age no mar
E a luz na vida
O sol age sobre minha vida
Retirando toda escuridão
Toda não!
A luz não entra em cavernas fechadas...

Bendito seja quem fez tudo isso
E maldito aquele que criou a confusão
Pois confundir-se na luz
É absurdo para os serenos
Porém fatal,
Aos ingênuos e puros de coração.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Garota bonita

Dedico essa poesia a uma grande amiga que, de certa forma foi a inspiração para que essa poesia viesse a existir... o Nome deixarei em oculto, mas ela sabe do que se trata.

Garota Bonita

Por que observas ao longe?
O que observo ao longe?
Admiro tuas manias
Teu jeito de mexer no cabelo
Teu ar de mocidade palpitante
Desperta o desejo ofegante
A cada simplório olhar distante

Ar de menininha
Por trás de uma casca madura
Uma coisa pura
Capaz de quebrar a armadura
Da madeira mais escura
Do cavaleiro mais cara-de-pau

Até o luar vira aurora
Quando despertas pela madrugada
Bate em revoada a passarada
O galo canta tua beleza
Expulsando toda tristeza
Revelando toda nobreza
De quem põe às mãos a inchada
E honra a terra com os pés na estrada

Não és minha amada
Mas tua serenidade
Liberta em mim a sinceridade
De falar sobre a verdade
Na qual possuo total liberdade

Garota bonita
Não tens laço de fita
Mas no corpo agita
Essa eloquência maldita
De um coração que palpita
Por um breve olhar.



sábado, 31 de janeiro de 2009

Olhares avulsos

Olhares avulsos

Tantas pessoas ao redor
Tantos sorrisos
Escuto cada sussurro
E até percebo tudo em derredor

Percebo os olhares avulsos
Que perpassam de leve
Os olhos baixos de quem se cala
Omite a fala e a escreve

Se estou feliz não sabem
Não preciso sorrir para isso!
Se estou angustiado
Notam-me calado
Camuflado sobe a condição de sair
Sair!e ir para onde?
Quem pensa que se esconde
Só mostra incapacidade
De enfrentar a verdade
Ou lidar com ela

Sou mesmo filho das emoções?
Mas que mãe é essa que não tem coração?
Não pode abraçar um filho
Nem dizer que o ama.

Talvez seja melhor sorrir
Não preocuparei ninguém
Deve ser mesmo um bom sinal
Mostramos que estamos bem
E até esquecemos todo o mal.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Temporal

Temporal

O sol se escondeu
Antes que o visse, já era noite
Nem me dei conta do tempo
Fechei os olhos
E junto a eles as portas dos sentidos

Não sei se dormi
Sei que não percebi nada.
Nem o frio senti
Mesmo não estando, a janela fechada

Achei ter sido um sonho
Havia gelo por toda parte
Mas afinal, estava em um quarto fechado
No relógio, o tempo parado
Talvez tivesse sido congelado
Por todo inverno foram 3 da tarde.

Quanto tempo se passou?
O frio está insuportável.
Todos se prepararam desde o verão
Eu não,
Agora me parece ser inverno
E até o calor interno, congelou.

Abri os olhos
A luz quase cegou-me
Era como os raios de um farol
Um clarão.

A agitação me era estanha
O que houve?
-Estavas em coma
Por quanto tempo?
-Por todo verão
é inverno?
-Não, senhor,
-Sobreviveste a um desabamento.
Como?
-Um temporal, a neve da montanha...
E quantas horas são?
-Senhor...são 3 da tarde.

Dei um pulo da cama
E...acordei?
Não, acho que voltei a fechar os olhos
Afinal, Já era tarde.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Metáfora

Metáfora

Será assim!
Seremos duas ilhas em meio às ondas
Seremos ilhotas em meio à tsunâmis
Mas, apesar de pequenas, seremos fortes
Não seremos enterradas pela água.
Somos 2 não é?
Mesmo que fosse apenas uma
Teria força de duas.
Mas o que pode uma ilha contra fortes ondas?
Pode esperar a calmaria
Até baixar o nível das águas...

Talvez baixe tanto que a água desapareça
Desfazendo o imenso abismo entre duas ilhas
Tornando-as uma só.

Precisamos de mais sol?
Menos vento?
Mais areia?
Do que precisamos?
Que me adianta saber!
Eu não comando o sol, nem o vento, nem a areia...

Eu-lírico

Eu-lírico

Guardei cada carta, cada lembrança,
Cada pedaço de papel, cada sorriso e cada silêncio
Ainda tenho em uma caixa cada momento
Cada "eu te amo" está guardado

Apesar de ter tido pouco tempo
Me foi o bastante para compreender
Me foi o bastante para fazer falta
Embora tão simplório
Mas é nas coisas simples que se encontra verdade

Já tive vários corações
Mas percebi que só preciso de um
Suficiente para as pulsações diárias
Para os exercícios físicos e surpresas
Só preciso de um
O restante me é complemento

Tenho ainda fotos de um passado presente
Presente até hoje em memórias
São minha prova do bem que te fiz
Que mostram em sorrisos sinceros
O quanto estavas feliz

Bem, prefiro as cartas para este fim
Elas são mais simples e objetivas
Mas não me atenho a outras artes
Se Deus me fez assim, será até o fim
Desta forma mesmo
Sem tirar nem pôr
Ficarão caixas empilhadas com as cartas guardadas
Podem até desaparecer, serem queimadas ou rasgadas
No entanto, são apenas as provas concretas
As verdadeiras lembranças não podem ser apagadas

Podemos nos acostumar com elas
Fico feliz por isso
Ao menos assim...
Sei que não te esqueces de mim.

sábado, 10 de janeiro de 2009

Viver noturno


Viver noturno

Já não conto as horas
Não ligo para o tempo
Acostumei-me com a demora
Incerta, como a direção do vendo

Já não mais tenho vontade para escrever
Hoje preferi fazer barquinhos de papel
Dão mais sentido ao que não posso ver
Afinal, não acostumo-me com o pincel

Já não durmo
Meu viver é noturno
Passam-se as madrugadas caladas
Enquanto junto memórias passadas
Que talvez só façam sentido para mim

Solitárias madrugadas acompanhadas de versos
Imersos, nesse imenso silêncio
Não ligo para o tempo
Nem para as incertezas do vento
Afinal, já não conto as horas

Não sei de nada para fazer
Nem procuro...
Começo a escrever,
Para não adormecer
Me encosto ao muro,
Fixo os olhos na lua
E esqueço o futuro...

A lua...solitária pastora
Não encontrei ainda
Em nenhuma ida e vinda
Inspiração mais inspiradora...

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Ser Poeta

Dores e amores do viver poético, uma dádiva ou um carma?
As vezes me confundo em meus questionamentos
e nem sei porque os faço.
Traz-me profundo descontentamento...
Mas, de fato, é um fato.

Tudo tem seus bens e seus males...

Ser Poeta

Pela primeira vez
Estou vazio por dentro
Não sentira jamais esta sensação
Nunca havia pego num papel
Para querer jogá-lo ao chão

Não compreendo o que me falta
Realmente não sei o que se foi
Minha habilidade com palavras
Nobre passatempo
Que me trazia contentamento
É agora culpado freqüente
Desse desconsolo da mente

Maldita coinsidência constante
Que a mim torna apostas
Felicidade e capacidade
Necessito mesmo da tristeza?
Ou será minha, essa frieza
Que confunde o coração
A cada tenra ilusão?

Qual sina segue o poeta?
Não compreendo o sentido
Escrever até que se calejem as mãos?
Para logo ser esquecido
Talvez nunca reconhecido
Ou talvez reconhecido
Embora, falecido...

Minhas mãos fazem por submissas que são
O trabalho de um confuso coração
Que nada sabe da vida.
Sabe de mim
Tanto que não compreendo
Meu corpo se transforma
Torna-se mera ferramenta
Nas mãos de nobres pensamentos

Ser comandado pelo coração
Sem temer o desatino,
É essa a condição
Pois ser poeta não é uma opção
A poesia é um destino.