Pesquisar este blog

sábado, 31 de janeiro de 2009

Olhares avulsos

Olhares avulsos

Tantas pessoas ao redor
Tantos sorrisos
Escuto cada sussurro
E até percebo tudo em derredor

Percebo os olhares avulsos
Que perpassam de leve
Os olhos baixos de quem se cala
Omite a fala e a escreve

Se estou feliz não sabem
Não preciso sorrir para isso!
Se estou angustiado
Notam-me calado
Camuflado sobe a condição de sair
Sair!e ir para onde?
Quem pensa que se esconde
Só mostra incapacidade
De enfrentar a verdade
Ou lidar com ela

Sou mesmo filho das emoções?
Mas que mãe é essa que não tem coração?
Não pode abraçar um filho
Nem dizer que o ama.

Talvez seja melhor sorrir
Não preocuparei ninguém
Deve ser mesmo um bom sinal
Mostramos que estamos bem
E até esquecemos todo o mal.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Temporal

Temporal

O sol se escondeu
Antes que o visse, já era noite
Nem me dei conta do tempo
Fechei os olhos
E junto a eles as portas dos sentidos

Não sei se dormi
Sei que não percebi nada.
Nem o frio senti
Mesmo não estando, a janela fechada

Achei ter sido um sonho
Havia gelo por toda parte
Mas afinal, estava em um quarto fechado
No relógio, o tempo parado
Talvez tivesse sido congelado
Por todo inverno foram 3 da tarde.

Quanto tempo se passou?
O frio está insuportável.
Todos se prepararam desde o verão
Eu não,
Agora me parece ser inverno
E até o calor interno, congelou.

Abri os olhos
A luz quase cegou-me
Era como os raios de um farol
Um clarão.

A agitação me era estanha
O que houve?
-Estavas em coma
Por quanto tempo?
-Por todo verão
é inverno?
-Não, senhor,
-Sobreviveste a um desabamento.
Como?
-Um temporal, a neve da montanha...
E quantas horas são?
-Senhor...são 3 da tarde.

Dei um pulo da cama
E...acordei?
Não, acho que voltei a fechar os olhos
Afinal, Já era tarde.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Metáfora

Metáfora

Será assim!
Seremos duas ilhas em meio às ondas
Seremos ilhotas em meio à tsunâmis
Mas, apesar de pequenas, seremos fortes
Não seremos enterradas pela água.
Somos 2 não é?
Mesmo que fosse apenas uma
Teria força de duas.
Mas o que pode uma ilha contra fortes ondas?
Pode esperar a calmaria
Até baixar o nível das águas...

Talvez baixe tanto que a água desapareça
Desfazendo o imenso abismo entre duas ilhas
Tornando-as uma só.

Precisamos de mais sol?
Menos vento?
Mais areia?
Do que precisamos?
Que me adianta saber!
Eu não comando o sol, nem o vento, nem a areia...

Eu-lírico

Eu-lírico

Guardei cada carta, cada lembrança,
Cada pedaço de papel, cada sorriso e cada silêncio
Ainda tenho em uma caixa cada momento
Cada "eu te amo" está guardado

Apesar de ter tido pouco tempo
Me foi o bastante para compreender
Me foi o bastante para fazer falta
Embora tão simplório
Mas é nas coisas simples que se encontra verdade

Já tive vários corações
Mas percebi que só preciso de um
Suficiente para as pulsações diárias
Para os exercícios físicos e surpresas
Só preciso de um
O restante me é complemento

Tenho ainda fotos de um passado presente
Presente até hoje em memórias
São minha prova do bem que te fiz
Que mostram em sorrisos sinceros
O quanto estavas feliz

Bem, prefiro as cartas para este fim
Elas são mais simples e objetivas
Mas não me atenho a outras artes
Se Deus me fez assim, será até o fim
Desta forma mesmo
Sem tirar nem pôr
Ficarão caixas empilhadas com as cartas guardadas
Podem até desaparecer, serem queimadas ou rasgadas
No entanto, são apenas as provas concretas
As verdadeiras lembranças não podem ser apagadas

Podemos nos acostumar com elas
Fico feliz por isso
Ao menos assim...
Sei que não te esqueces de mim.

sábado, 10 de janeiro de 2009

Viver noturno


Viver noturno

Já não conto as horas
Não ligo para o tempo
Acostumei-me com a demora
Incerta, como a direção do vendo

Já não mais tenho vontade para escrever
Hoje preferi fazer barquinhos de papel
Dão mais sentido ao que não posso ver
Afinal, não acostumo-me com o pincel

Já não durmo
Meu viver é noturno
Passam-se as madrugadas caladas
Enquanto junto memórias passadas
Que talvez só façam sentido para mim

Solitárias madrugadas acompanhadas de versos
Imersos, nesse imenso silêncio
Não ligo para o tempo
Nem para as incertezas do vento
Afinal, já não conto as horas

Não sei de nada para fazer
Nem procuro...
Começo a escrever,
Para não adormecer
Me encosto ao muro,
Fixo os olhos na lua
E esqueço o futuro...

A lua...solitária pastora
Não encontrei ainda
Em nenhuma ida e vinda
Inspiração mais inspiradora...

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Ser Poeta

Dores e amores do viver poético, uma dádiva ou um carma?
As vezes me confundo em meus questionamentos
e nem sei porque os faço.
Traz-me profundo descontentamento...
Mas, de fato, é um fato.

Tudo tem seus bens e seus males...

Ser Poeta

Pela primeira vez
Estou vazio por dentro
Não sentira jamais esta sensação
Nunca havia pego num papel
Para querer jogá-lo ao chão

Não compreendo o que me falta
Realmente não sei o que se foi
Minha habilidade com palavras
Nobre passatempo
Que me trazia contentamento
É agora culpado freqüente
Desse desconsolo da mente

Maldita coinsidência constante
Que a mim torna apostas
Felicidade e capacidade
Necessito mesmo da tristeza?
Ou será minha, essa frieza
Que confunde o coração
A cada tenra ilusão?

Qual sina segue o poeta?
Não compreendo o sentido
Escrever até que se calejem as mãos?
Para logo ser esquecido
Talvez nunca reconhecido
Ou talvez reconhecido
Embora, falecido...

Minhas mãos fazem por submissas que são
O trabalho de um confuso coração
Que nada sabe da vida.
Sabe de mim
Tanto que não compreendo
Meu corpo se transforma
Torna-se mera ferramenta
Nas mãos de nobres pensamentos

Ser comandado pelo coração
Sem temer o desatino,
É essa a condição
Pois ser poeta não é uma opção
A poesia é um destino.