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sexta-feira, 21 de maio de 2010

Evolução ou não

Poesia dedicada a língua portuguesa:

Desde o princípio buscando inovação
Na pedra a marca da mão
No papiro o papel primitivo
E a expressão de modo agressivo

Da carta à mensagem no navio
Embarca o papel no rio
Em formato de barquinho leva a Portugal
A carta de pena e tinteiro com o símbolo real

Contidas nos braços de uma Santa Inquisição
Anexos de papel viram livros à mão
E o medo de uma suposta revelação
Ameaçam a soberania do brasão

A madeira vira tinta e carvão
Dando à pele a coloração
Na guerra contra imposição
Guardando o sonho da devastação

- O que diz este vocabulário crú?
- Por que anda este povo nú?
Iganorados por Inoscência, o pudor
Nascia a raiz por meio da dor

O caxias que falava com os peixes em sermão
Escreveu também seu nome na nação
Sábio e frustrado Anchieta
Oculto para muitos numa caixeta.

Voltava o navio abarrotado
De culturas; um sonho arrancado
Da caravela verde e amarela ao negreiro
Nasciam os acendentes do negrinho do pastoreio

Castro Alves deu sua contribuição
Em defesa da capoeira e do feijão
Com os restos de porco e leitão
Vendidos como mercadorias em leilão

Depois da dizimação de um povo
Nasce o símbolo nacional de um ovo
Já não era selvagem o Guaraní
José de Alencar já criara Perí

Os "ísmos" tomam conta do mundo
Machado, o realista moderno de vocábulo profundo
Ou, Modernista antecipado que já era vanguardista?
Abria espaço para a língua em crítica socialista

Já não eram mais linguistas os Andrades
A língua fora liberta de suas grades
A liberdade sobrepunha a estética
Do párnaso nem mais a fonética

Hoje tudo é arte, é música e poesia
A língua se faz no cotidiano, "todo dia"
O holandês é brasileiro no samba de varanda
O Chico, a pérola da língua de nome: Buarque de Holanda.