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sábado, 4 de abril de 2009

Ballet do Ártico



Caros Leitores esta poesia é diferente de todas outras... a pricípio tentei escrever em forma de prosa, mas me dei conta de que, de fato, não se vem numa mesma embalagem dom com brinde.A poesia é, de fato meu destino, minha dádiva, meu caminho e meu domicílio.Apesar de existirem as prisões domiciliares. Esta talvez seja minha melhor poesia até hoje, algo propriamente meu, não bebida de nenhuma fonte anteriormente existente. Baseado num dos meus contos favoritos de infância (a bailarina e o soldado de chumbo) está ai minha ,até então obra prima... Deliciem-se neste ballet ártico magnifico onde a vida é tudo neste mundo onde se dança uma dança tão fria para se livrar do mais frio medo humano... a morte.

Dedico esta poesia especialmente àqueles cujas vistas nunca retrucaram um breve olhar a estas palavras insuficientes e a estes sentimentos invisíveis embora perceptíveis.Que a Literatura Viva em ti leitor!

Ballet do Ártico

Durante a noite faz frio
Durante o dia não há sol
A paisagem é branca
Não há árvores, não há sombra
Aparentemente não há vida

No meio da imensidão gelada
Via-se fumaça
Numa região isolada
Havia calor
Havia suor
e havia sangue

Um bando rodeava o campo
Outros, alimentavam o sonho nacionalista
Da glória pela conquista
Causadora de espanto
Nos corações de bravos jovens
Pretensiosos pela glória
De atear uma bandeira
Por uma gente guerreira
Que assiste a distância
As consequências da ganância
Estampada nas cores vibrantes
De um estandarte fincado no ar

São poucas as cartas
Que conseguem chegar
As que chegam não têm garantia
De chegar...
Poucas são lidas
Quase nenhuma assinada
Imagine carimbada
Com a pretensão de retornar

Durante a noite o sangue seca
Prova o quão é perfeita
A natureza que rejeita
A impureza do que não é natural
Recobra por si própria a pureza
Do branco inicial
Que lhe foi concedida desde a criação

"-Quanto tempo mais General?"
Já não há mais comida para todos
Já não há sonho pata todos
Alguns foram enterrados
Outros viraram pesadelo
"-Mande-os na próxima escalada"
Deixe que o frio da madrugada
Aqueça seus corações
Ou os congele de vez.
Assim a comida dura
Enquanto o mais forte durar...
"-Não há lugar
para os fracos no gelo
quem sabe haja
em baixo dele"
A missão não pode acabar
pela fraqueza de alguns
Mais vale a honra de um sepulcro vitorioso
Do que a vida de um fraco temeroso
A pátria não tem culpa... Major

Por trás de todo frio
Dentro de cada barraca
Corações gemem
Maldita saudade
que fortalece e enfraquece
e que não se esquece...
De concreto, o agente aproximador
Da realidade distante em cada novo amanhã
Fotografias em preto e branco
Uma jovem bailarina
Nas mãos de um soldado
marcadas, que espera voltar
De um lado para o outro sobre as costas
a incerteza da vida
em cada pôr-do-sol

Enquanto isso...
Dança bailarina
Dança de lá pra cá
Dança bailarina
Nesse ballet polar
Vista sua roupa mais alva
Para tentar se camuflar
Quem sabe assim este pesadelo
Não pare de te assombrar
Dança bailarina
A dança do gelo
Se não sabe esquiar
Patine para dançar
Salte as incertezas
e use sua flexibilidade

Durante a noite houve fogo no gelo
Fogo a sangue frio
Uma emboscada planejada
Retirava à punhalada
O carimbo das cartas
Que poderiam retornar...

Um fato inédito!
Não via-se gelo
A natureza já não suporta
A impureza do que não é natural
O branco se torna cinzas
Havia sangue pela manhã
E um coração ainda gemia lentamente
Pelo sonho de tanta gente.

O soldado ao menos pôde ver
Segundos antes de morrer
A última dança vibrante
Em uma sinfonia gritante
O último ate de ballet
Onde bravos guerreiros rodopiavam
A cada explosão, pulavam
Ficavam na ponta do pé
Sustentados por uma corda no pescoço
A cena criava tanto alvoroço
Que até os atuantes gritavam
Mas eram interrompidos...subitamente
Pouco a pouco a imagem escurecia
As luzes apagavam
O soldado já não ouvia mais som algum
Como se as cortinas fechassem
Sobre seus olhos...
Os bailarinos deitavam-se ao chão
Anunciando o sim do ato
E o cessar da última canção

Era escrita a última carta
Sem carimbo nem pretensão de volta
Como pode num lugar tão branco
Não ser o branco símbolo da paz?
De que valeram tais ideais...?
A bailarina tomava seu fardo
Em véu negro...
Vestia sua farda cor-de-rosa
Com suas sapatilhas ia à batalha
Lutar contra a fraqueza
Escondendo a tristeza
De quem vai à guerra
Involuntariamente
Com a pretensão de voltar...


A todos um célebre beijo...

Direitos reservados à Hudson Maciel de Oliveira, 5 de fevereiro 2009

2 comentários:

  1. Não há lugar para os fracos...fact.
    Baiser, muito original e sutil...deu até vontade de chorar rsrs (não estou sendo sarcástica)

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  2. Parabéns! Vai em frente que o signo ajuda! hehe Abração! Se quiser add no orkut: http://www.orkut.com.br/Main#Profile.aspx?uid=561832229173226781&rl=t

    Abraço,
    Fabiano.

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